sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Questões de Língua Portuguesa

Leia o texto para responder as questões.
Um pé de milho



Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim – mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e declarou desdenhosamente que na verdade aquilo era capim. Quando estava com dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana.

Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas além do muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais – mas é diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro, espremido, junto do portão, numa esquina de rua – não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes roxas se agarra ao chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis.

Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a flor do meu pé de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. É alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos.

(Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas, 2001. Adaptado)


1. Para o narrador, o surgimento de um pé de milho em seu quintal
 a) obrigou-o a acabar com o jardim.
 b) era interessante, mas não dava orgulho.
 c) criou desavenças entre ele e seus amigos.
 d) interessou mais ao jardineiro que a ele.
 e) representou algo inusitado que o cativou.

GABARITO: E

2. Na oração do primeiro parágrafo – Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa. –, o termo em destaque significa
 a) contíguo.
 b) adequado.
 c) primoroso.           
 d) pequeno.           
 e) notável.

GABARITO: D

3. Assinale a alternativa em que há relação de causa e consequência entre as informações.
 a) Suas raízes roxas se agarram ao chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis. (2º §)
 b) Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas folhas... (1º §)
 c) Tinha visto centenas de milharais – mas é diferente. (2º §)
 d) Quando estava com dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana. (1º §)
 e) ... podia ser um pé de capim – mas descobri que era um pé de milho. (1º §)

GABARITO: B

4. Assinale a alternativa em que, nas duas passagens, há termos empregados em sentido figurado.
 a) ... beijado pelo vento do mar... (3º §) / Meu pé de milho é um belo gesto da terra. (3º §)
 b) Mas ele reagiu. (1º §) / ... na verdade aquilo era capim. (1º §)
 c) Secaram as pequenas folhas... (1º §) / Sou um ignorante... (2º §)
 d) Ele cresceu, está com dois metros... (2º §) / Tinha visto centenas de milharais... (2º §)
 e) ... lança as suas folhas além do muro... (2º §) / Há muitas flores belas no mundo... (3º §)
GABARITO: A
5. Na passagem do terceiro parágrafo – ... veio enriquecer nosso canteirinho vulgar... –, o substantivo, empregado no diminutivo, contribui para expressar a ideia de

 a) exatidão.
 b) desprezo.
 c) simplicidade.
 d) soberba.
 e) abundância.
GABARITO: C
6. Assinale a alternativa em que a reescrita do texto altera o sentido original.

 a) Secaram as pequenas folhas, pensei que fosse morrer. (1º §)
= Secaram as folhas pequenas, pensei que fosse morrer.
          
 b) É alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. (3º §)
= É algo de vivo que, com ímpeto e certeza, afirma-se.
          
 c) ... em um monte de terra trazido pelo jardineiro... (1º §)
= ... em um monte de terra que o jardineiro trouxe.
          
 d) Anteontem aconteceu o que era inevitável... (3º §)
= Aquilo que era inevitável anteontem aconteceu...
          
 e) Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. (2º §)
= Sou um ignorante, um homem pobre da cidade.
GABARITO: E
7. Pela descrição feita no texto, é correto afirmar que o pé de milho

 a) manteve-se no jardim do narrador, que o desprezava, sendo incapaz de se render ao seu esplendor e à beleza dos seus pendões. 
          
 b) ganhou uma condição diferenciada dos pés de milho de uma lavoura, tanto que transformou significativamente a vida do narrador.
          
 c) constitui uma parte expropriada de uma lavoura, razão pela qual o narrador, ainda que o estime, sente-se mal por não poder devolvê-lo.
          
 d) passou a ter um lugar menos atrativo para crescer e, destituído de uma lavoura, tornou-se um número isolado em um jardim sem beleza.
          
 e) continua a ser um simples número da lavoura, sem crédito na sua localização, tanto que fora confundido com pé de capim e pé de cana.
GABARITO: B
8. Assinale a alternativa correta quanto à pontuação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.

 a) Um amigo declarou: que meu pé de milho era capim. Outro amigo, que era cana. O leitor já viu um pé de milho?            
 b) Um amigo declarou, que meu pé de milho, era capim. Outro amigo que era cana. O leitor, já viu um pé de milho?            
 c) Um amigo declarou: meu pé de milho era capim. Outro amigo: que era cana. Já viu leitor um pé de milho?            
 d) Um amigo, declarou que meu pé de milho era capim. Outro amigo que era cana. Já viu leitor, um pé de milho?            
 e) Um amigo declarou que meu pé de milho era capim. Outro amigo, que era cana. Já viu, leitor, um pé de milho?
GABARITO: E



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