sexta-feira, 17 de maio de 2013

ESQUIZOFRENIA



FACULDADE MARECHAL RONDON

CAROL FOGLIENI
EDWIN CAPELLOTTO
KAREN VIANA
LUIZ AUGUSTO
MURIELE PRIMO








TRANSTORNO ESQUIZOFRÊNICO














   
SÃO MANUEL/SP
2013




CAROL FOGLIENI
EDWIN CAPELLOTTO
KAREN VIANA
LUIZ AUGUSTO
MURIELE PRIMO














TRANSTORNO ESQUIZOFRÊNICO







Seminário elaborado para fins de Avaliação da Disciplina de Psicologia aplicada ao Direito, sob a orientação da Professora Andrea - 3ª Semestre A do Curso de Direito - Av. 2 (parte 1).
 













SÃO MANUEL/SP
2013






SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Conceito
2.2. A esquizofrenia no contexto histórico da humanidade
2.3. Como ocorre o desenvolvimento da patologia
2.3.1. Causas genéticas que influenciam na esquizofrenia
2.4. Sintomas
2.4.1. Como é diagnosticada essa patologia?
2.5. A esquizofrenia e o consumo de drogas
2.6. Quanto ao nível de periculosidade
2.6.1. Que consequências traz a esquizofrenia para a vida do portador?
2.6.2. O esquizofrênico revela alguma periculosidade à sociedade?
2.7. A esquizofrenia no âmbito penal
2.8. Tem cura?
2.9. Quanto ao tratamento

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente trabalho busca apresentar os principais aspectos que envolvem a temática da esquizofrenia.
O estudo desenvolve-se em cima de várias questões importantes referentes à esquizofrenia, sendo que inicialmente procura expor uma breve conceituação do transtorno esquizofrênico, levando em consideração, de forma sucinta, o contexto histórico por trás da temática, além de apresentar o modo em que ocorre a evolução da patologia no individuo, os seus principais sintomas e a contribuição genética, considerando também a diagnosticação da doença.
A seguir passa-se a discutir de forma mais aprofundada toda a problemática que envolve a doença quando há consumo de drogas pelo paciente, juntamente abordamos a questão da periculosidade que a patologia pode gerar, tanto para o seu portador, quanto para os que o rodeiam, entretanto, o ponto auge do estudo apresenta a questão da esquizofrenia no âmbito penal, questão esta, muito importante, já que de certo modo adianta aos leitores a visão apresentada pelo ordenamento jurídico referente ao modo que é tratado o portador de esquizofrenia que infringe a norma jurídica.
Por fim, o estudo tem a pretensão de abordar as discussões referentes à questão da cura da doença, se é possível chegar a uma total recuperação dessa patologia ou se há apenas um controle, finalizando desse modo com o tratamento que deve ser aplicado quando diagnosticado o transtorno esquizofrênico.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Conceito

A esquizofrenia é considerada pela psicopatologia como um tipo de sofrimento psíquico grave, caracterizado principalmente pela alteração no contato com a realidade, a doença é um transtorno psíquico. Segundo a CID-10 a esquizofrenia compõe o grupo das psicoses.
É hoje encarada não como doença, no sentido clássico do termo, mas sim como um transtorno mental, podendo atingir pessoas de quaisquer idade, gênero, raça, classes sociais e país. Segundo estudos da OMS atinge cerca de 1% da população mundial.

2.2. A esquizofrenia no contexto histórico da humanidade

A esquizofrenia se encontra junto com a história da psiquiatria. O termo “esquizofrenia”, foi criado por Bleuler, substitui o termo “demência precoce”. Bleuler conceituou o termo para indicar a presença de um prisma entre pensamento, emoção e comportamento nos pacientes afetados. Morel usou o termo demência precoce para uma doença mental com deterioração mental, com início precoce na adolescência. Sullivan, fundador da escola psicanalítica interpessoal relata o isolamento social como sintoma.
A Esquizofrenia é uma doença da personalidade total que afeta a zona central do eu e altera toda estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa o estereotipo do "louco", um indivíduo que produz grande estranheza social devido ao seu desprezo para com a realidade reconhecida.
Caracterizada por uma dissociação das funções psíquicas e pela perda de contato com o mundo exterior ela afeta não só a pessoa, mas também toda a sua família e todas as pessoas à sua volta. Um dos seus primeiros sintomas é a diminuição da afetividade, quando não a sua total supressão ou ausência, existindo um desligamento do mundo por parte do doente, que se volta sobre si mesmo. As funções intelectuais são igualmente perturbadas o que acarreta rapidamente a alienação de tudo o que se passa à sua volta.

2.3. Como ocorre o desenvolvimento da patologia

A esquizofrenia pode desenvolver-se gradualmente, tão lentamente que nem o paciente nem as pessoas próximas percebem que algo vai errado: só quando comportamentos abertamente desviantes se manifestam. O período entre a normalidade e a doença deflagrada pode levar meses. 
Por outro lado há pacientes que desenvolvem esquizofrenia rapidamente, em questão de poucas semanas ou mesmo de dias. A pessoa muda seu comportamento e entra no mundo esquizofrênico, o que geralmente alarma e assusta muito os parentes. 
Não há uma regra fixa quanto ao modo de início: tanto pode começar repentinamente e eclodir numa crise exuberante, como começar lentamente sem apresentar mudanças extraordinárias, e somente depois de anos surgir uma crise característica.
Geralmente a esquizofrenia começa durante a adolescência ou quando adulto jovem. Os sintomas aparecem gradualmente ao longo de meses e a família e os amigos que mantêm contato frequente podem não notar nada. É mais comum que uma pessoa com contato espaçado por meses perceba melhor a esquizofrenia desenvolvendo-se.

2.3.1. Causas genéticas que influenciam na esquizofrenia

Em relação à genética, o risco de adquirir a esquizofrenia aumenta 13%, se um parente de primeiro grau for portador da doença. Quanto maior o grau de parentesco maior o risco, chegando ao máximo em gêmeos monozigóticos. Se um deles tem esquizofrenia a possibilidade do outro desenvolver o quadro é de 50%.
Entretanto, não são levadas em conta apenas questões genéticas, existe uma contribuição ambiental, pesquisas indicam que há uma ocorrência maior de esquizofrênicos nascidos nos meses mais frios, sendo assim, a esquizofrenia envolve a interação de fatores gerais que podem ser considerados desde o nascimento. Por fim, essa gama de fatores vale ressaltar que existem circunstâncias que causam e impedem o desencadeamento da doença.

2.4. Sintomas

Em geral, há dois tipos de sintomas: os produtivos e os negativos. Os sintomas produtivos são, basicamente, os delírios e as alucinações. O delírio se caracteriza por uma visão distorcida da realidade. O mais comum na esquizofrenia é o delírio persecutório. O individuo acredita que está sendo perseguido e observado por pessoas que tramam alguma coisa contra ele. As alucinações caracterizam-se por uma percepção que ocorre independentemente de estimulo externo. Os sintomas produtivos respondem mais rápido ao tratamento. Já os sintomas negativos são mais resistentes ao tratamento, caracterizam-se pela diminuição dos impulsos e da vontade e achatamento afetivo. Há a perda da capacidade de entrar em ressonância com o ambiente, de sentir alegria ou tristeza condizente com a situação externa.
Na realidade, a esquizofrenia começa com os sintomas negativos, entretanto são os delírios e alucinações que chamam mais a atenção, sintomas dos quais são notados posteriormente, os sintomas negativos correspondem mais ao íntimo da pessoa, aquele olhar distante, como se estivesse em outro mundo, não se preocupa mais com o que está acontecendo ao redor, se descuida da alimentação e higiene pessoal, a tensão e a ansiedade são presentes, essa fase inicial da doença é chamada de tremapsicótico.
Outra característica importante da esquizofrenia é que o doente se considera vitima das circunstâncias externas, têm mania de perseguição e acredita que os outros estão armando algo contra ele. E em um estágio mais avançado ocorre perda de memória e concentração.
Os indivíduos portadores de esquizofrenia podem sentir bichos andando pelos seus corpos, ouvir vozes, imaginar e falar em coisas aparentemente sem nexo, sugerir conspirações, acreditar que são personalidades marcantes e históricas da sociedade.
Segundo Holmes (1998), os sintomas podem ser:
A.   Cognitivos;
B.   Sintomas de humor;
C.   Sintomas somáticos;
D.   Sintomas motores.

A.   Os sintomas cognitivos incluem:
·        As alucinações
·        Os delírios
·        Os processos de pensamentos perturbados
·        As inundações cognitivas

As alucinações

São experiências nas quais as pessoas podem ouvir, sentir, cheirar ou ver coisas sem nenhum fundamento baseado na percepção da realidade. As alucinações mais comuns são as auditivas. Geralmente os portadores de esquizofrenia imaginam ouvir vozes que os perseguem, criticam os seus comportamentos, dão ordens e eles agem como se realmente essas vozes fossem reais.
As alucinações táteis e somáticas também são bastante comuns, nas quais as pessoas podem sentir algo percorrendo o seu corpo, sensações de formigamento ou queimadura e até mesmo sensações internas no corpo. Já as alucinações visuais olfativas são também observadas, no qual os portadores de esquizofrenia imaginam ver ou sentir cheiros que não estão presentes, porém são menos comuns. Para os portadores de esquizofrenia esses sintomas têm um sentido muito próprio de realidade e geralmente eles são incapazes de distinguir tais alucinações de percepções reais, o sentido de realidade fica totalmente comprometido quando se refere a tais alucinações.

Os delírios

Os delírios são crenças bizarras que são mantidos pelo esquizofrênico a despeito de fortes evidências que comprovam o contrário. Os delírios são considerados bizarros se são claramente implausíveis e incompreensíveis. Quanto mais bizarro o delírio, mais provável que o indivíduo esteja sofrendo de esquizofrenia. Os delírios mais comuns são:
Delírios de perseguição: são os delírios nos quais o indivíduo portador de esquizofrenia imagina estar sendo perseguido, vigiado, que os outros estão espiando ou planejando algo para prejudicá-lo.
Delírios de referência: são os delírios nos quais objetos, eventos ou outras pessoas são vistos como apresentando algum sentido particular de resposta para eles.
Delírios de identidade: são os delírios nos quais os indivíduos portadores de esquizofrenia acreditam ser outra pessoa.
A maior parte dos indivíduos portadores da esquizofrenia desenvolve sistemas delirantes bastante elaborados envolvendo diversos delírios inter-relacionados e as alucinações que eles experimentam são frequentemente relacionados aos seus delírios.

Os processos de pensamentos perturbados

Os processos de pensamentos perturbados dizem respeito à forma como os indivíduos com esquizofrenia pensam. Esses processos se caracterizam por um afrouxamento das ligações associativas entre os pensamentos, de maneira que esses indivíduos geralmente desviam-se para pensamentos irrelevantes, eles incluem essas ideias em suas conversações aparentemente sem nenhum nexo. Segundo os estudos de Holmes (1998: 238), “são fugas de ideias ou saladas de palavras”. Quando há esses casos de perturbações de pensamentos, os indivíduos portadores de esquizofrenia têm prejudicado seu funcionamento intelectual, chamado de déficit esquizofrênico.

As inundações cognitivas

A inundação cognitiva ou sobrecarga de estímulos se refere a uma ampliação excessiva da atenção, isto é, as pessoas portadoras de esquizofrenia têm uma sobrecarga de percepções, pensamentos e sentimentos.

B.   Sintomas do humor:

Em suma, pode-se dizer que os portadores de esquizofrenia apresentam reações emocionais diversas do que se espera. Muitas vezes, o doente reage de forma inapropriada, dando resposta contraria ao que se espera em determinada situação.

C.   Sintomas somáticos:

O sintoma somático mais evidente é o relacionado à estimulação fisiológica geral como: frequência cardíaca, pressão sanguínea, sudorese. É preciso tomar cuidado para não confundir sintomas cognitivos com sintomas somáticos agudos, algumas drogas utilizadas para os quadros de esquizofrenia também causam sintomas somáticos, sendo assim, não se deve confundir efeitos do tratamento com os sintomas do transtorno.

D.   Sintomas motores:

É característico de algumas pessoas com esquizofrenia permanecerem imóveis durante longos períodos de tempo, enquanto outras são mais agitadas. Dentro dos sintomas motores, podem ocorrer contrações nas faces e movimentos repetidos de dedos e mãos. Esses movimentos podem ser aleatórios ou propositais, mas também podem estar relacionados aos delírios do paciente. Também é necessário saber se os efeitos das medicações ingeridas pelo esquizofrênico afetam as partes do cérebro responsáveis pelo comportamento motor ocasionando tremores, contorções musculares e andar rígido, decorrentes do tratamento e não do transtorno em si.

Por fim, vale ressaltar que o quadro clínico da esquizofrenia abrange uma gama ampla e variada de sintomas. Portanto, é imprescindível reconhecer que diferentes indivíduos diagnosticados com esquizofrenia podem apresentar conjuntos de sintomas muito diferentes.

2.4.1. Como é diagnosticada essa patologia?

Não há um exame que diagnostique precisamente a esquizofrenia, isto depende exclusivamente dos conhecimentos e da experiência do médico, portanto é comum ver conflitos de diagnóstico. O diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas que o paciente apresenta e a história como esses sintomas foram surgindo e se desenvolvendo. Existem critérios estabelecidos para que o médico tenha um ponto de partida, uma base onde se sustentar.

2.5. A esquizofrenia e o consumo de drogas

É muito comum que a família e os mais próximos no início da doença confundam as primeiras mudanças de comportamento do indivíduo com algum consumo de drogas. Quando começam as alucinações aumentam as suspeitas de que realmente possa ser devido ao uso de drogas tal comportamento.
Na verdade, o uso de drogas não é raro na esquizofrenia, não como causa, mas sim como consequência. Algumas drogas exercem efeito sedativo, tranquilizante, ocasionando na fase de ansiedade e tensão certa melhora no humor do paciente que a consome.
Entre as drogas, notasse um consumo maior de álcool e maconha, porém as mais fortes o consumo costuma ser raro.
Dentre as drogas, a anfetamina, quando tomada em excesso provoca psicoses clinicamente idênticas as da esquizofrenia, sendo até complicado diferenciá-las. A cocaína também pode ocasionar quadros psicóticos semelhantes ao da esquizofrenia, porém com menos intensidade que a anfetamina.

2.6. Quanto ao nível de periculosidade

Os sintomas produtivos revelam certa periculosidade apresentada pelo esquizofrênico. É comum que o portador desse tipo de transtorno psíquico tenha delírios e alucinações, no qual ouça vozes e tenha certas visões equivocadas do que ocorre ao seu redor, vivenciando no período de surtos um mundo paralelo que não condiz com a realidade, pois é fruto de sua mente doente. Sendo assim, é natural que o esquizofrênico revele certo nível de periculosidade, tanto para si, como para a sociedade, já que tais delírios podem levá-lo a dar cabo da própria vida e até mesmo a cometer infrações penais contra qualquer individuo devido ao transtorno.

2.6.1. Que consequências traz a esquizofrenia para a vida do portador?

 A doença é marcada especialmente pela dificuldade que o indivíduo apresenta para criar e manter laços sociais. Consequentemente, se não tratado devidamente, o portador passa a ter problemas na escola, no trabalho e até dentro da própria casa, podendo abandonar a família ou ser abandonado por ela. Porém, dependendo do distúrbio e da fase em que se encontra, o sujeito pode levar uma vida “normal”, exercendo uma profissão, relacionando com outras pessoas, estudando, desde que tenha acesso ao devido tratamento para o controle da doença e receba o devido apoio dos familiares, que são fundamentais para a recuperação do individuo portador de esquizofrenia.

2.6.2. O esquizofrênico revela alguma periculosidade à sociedade?
                                    
Estes indivíduos não representam necessariamente um perigo para aqueles que o circundam, a maioria dos esquizofrênicos não apresenta comportamento violento ou perigoso, menos de 20% apresentam este tipo de comportamento.
Quando em crise, o paciente pode apresentar comportamentos agressivos, tanto fisicamente quanto verbalmente, pois se sentem ameaçados por seus delírios ou alucinações, o que ocorre é que o portador de esquizofrenia sente-se ameaçado e acredita ser real tal ameaça, é necessário que os familiares e próximos do doente tentem acalmá-lo em momentos de surto, no qual ele possa apresentar alguma ameaça aos outros.
Em casos extremos de agressividade é necessário que o paciente seja contido ou levado para um serviço de saúde para garantir a integridade dos familiares e do próprio paciente.
Para finalizar, podemos citar um caso de esquizofrenia, em que o doente apresentou agressividade. O caso teve grande repercussão na mídia, Fernando Gouveia, de 32 anos, atirou contra um oficial de justiça, um enfermeiro e uma psicóloga quando recebia ordem judicial.

2.7. A esquizofrenia no âmbito penal

Inimputáveis

Art. 26 do CP: É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Redução de pena

Parágrafo único: A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Da verificação da inimputabilidade

No ordenamento jurídico, a inimputabilidade não pode ser presumida. Tem de ser provada por meio de perícia e em condições de absoluta certeza. São três os sistemas de aferição da inimputabilidade: biológico, psicológico e misto ou biopsicológico.
O art. 26 do CP adotou o sistema híbrido denominado de biopsicológico, que combina os dois critérios. Primeiramente, deve-se verificar se o agente, ao tempo da ação/omissão, era portador de doença ou desenvolvimento mental retardado ou incompleto. Caso negativo, não será inimputável. Se, positivo, verifica-se se era capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com essa consciência.
Somente depois de averiguadas e constatadas ao menos uma dessas duas hipóteses, é que será atribuída a inimputabilidade ao indivíduo. A inimputabilidade, portanto, deve existir na ocasião do delito, pois a superveniência de enfermidade mental depois do cometimento do crime, não exclui a culpabilidade.
No que concerne às causas excludentes de culpabilidade, estão divididas em dois grupos no Código Penal: relativas à pessoa do agente e ao fato criminoso. Quanto ao agente, podem ser por: doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26 do CP, caput), por embriaguez decorrente de vício e, ainda, por menoridade (art. 27 do CP).
O art. 26 do CP isenta de pena o indivíduo que pratica ato típico e ilícito quando, no momento da ação/omissão delitiva, era portador de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto (menoridade ou retardado), e era completamente incapaz de compreender a ilicitude de sua conduta ou de determinar-se de acordo com ela.
Ou seja, para ser inimputável, não basta a pré-existência de doença ou capacidade mental incompleta ou retardada. Exige-se, também, que, ao tempo da ação ou omissão, o agente, em razão da enfermidade, não tenha sido capaz de compreender o fato criminoso, ou, caso o fosse, não conseguiu controlar o impulso delitivo.
Nessa lógica, a inimputabilidade, para ser reconhecida, exige a presença dos requisitos causal (doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado), cronológico (ao tempo da ação ou da omissão) e consequencial (inteira incapacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com ele).
Excetua-se dessa regra o indivíduo que, voluntariamente, coloca-se em estado de inimputabilidade, com vistas a cometer o delito. Nestes casos, deve vigorar o princípio da Actio Libera in Causa, segundo o qual se presume o ato delitivo no momento da tomada da decisão pelo agente. É o caso do salva-vidas que, objetivando omitir-se do dever legal de agir, ingere substâncias entorpecentes de maneira voluntária e se mantém inerte diante do afogamento de uma criança.
A incapacidade de entendimento da ilicitude do fato ou de autodeterminação diante da conduta criminosa, portanto, constituem requisitos da inimputabilidade. O parágrafo único do art. 26, por sua vez, admitiu a hipótese da imputabilidade parcial ou semi-imputabilidade, quando o indivíduo possui meia consciência da ilicitude ou da liberdade de agir. São os casos fronteiriços, em que o agente tem sua capacidade diminuída.
Nesta hipótese, a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o mesmo, em virtude de perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se nesse entendimento.
O citado dispositivo, ao tratar da semi-imputabilidade, emprega a expressão "perturbação de saúde mental", no lugar de doença mental, o que constitui um minus, isto é, uma mera turbação na capacidade intelectiva e volitiva, onde há perda parcial da capacidade de entender e de querer.
Verificada a semi-imputabilidade, o juiz terá duas opções: reduzir a pena de 1/3 a 2/3, ou impor medida de segurança, o que não exclui a imputabilidade do agente, pois, nesse último caso, a sentença continuará sendo condenatória, o que não acontece com os inimputáveis, cuja medida aplicável é a absolvição imprópria. A escolha por medida de segurança dependerá do entendimento do juiz acerca do laudo pericial, quando assim recomendar.

Da inimputabilidade por doença mental

Conforme visto, o Código Penal vigente, ao tratar da inimputabilidade por anormalidade mental, adotou o sistema misto ou biopsicológico, segundo o qual não basta a existência da doença para isentar o agente da pena.
Exige-se, primeiramente, a existência do elemento biológico, de natureza patológica, que é a enfermidade mental. O segundo elemento é o cronológico/temporal, ou seja, o autor, no momento do crime, em razão da doença da qual é portador, precisa apresentar um estado de anormalidade psíquica que o torne incapaz de entender o sentido ético-jurídico de sua conduta ou, caso tenha esse entendimento, ter a doença e seu estado de perturbação psíquica eliminado a sua capacidade volitiva. Em suma, é necessário que a anormalidade cause o vício de entendimento e de vontade.
Em Medicina, o estudo das doenças mentais chama-se Patologia Mental ou Psiquiatria. Toda doença tem causa infecciosa, tóxica, orgânica, psíquica e outras.
Entre as causas biopsicossociais que podem levar à irresponsabilidade penal, está a doença mental. O estudo dos transtornos mentais se faz necessário uma vez que, na prática, verifica-se que os operadores do Direito enfrentam dificuldades ao tratar do assunto, posto que, em sua maioria, são leigos e fazem confusão entre os conceitos de doença mental (de origem biopsicossocial), as anomalias advindas de retardo mental (origem biológica) e os desvios de personalidade (de origem psicossocial), o que acaba por prejudicar o réu e a correta aplicação da lei ao caso concreto.
Nesse sentido, nem todo criminoso sexual, por exemplo, será portador de doença mental, mas sim, de transtorno de personalidade, que nem sempre é sinônimo de loucura.
No entendimento de Nucci (2007), o conceito de doença mental deve ser analisado em sentido lato, abrangendo tanto as doenças de origem patológica, como as de origem toxicológica.
De acordo com a Psiquiatria, são consideradas doenças mentais as chamadas psicoses. O psicótico costuma apresentar perda de contato com a realidade e sintomas produtivos, tais como delírios e alucinações. A grave alteração da consciência é capaz de provocar no indivíduo o efeito de estar sempre convicto da verdade, o que o impede de ver a realidade dos fatos.
A psicose pode ter origem orgânica (disfunções cerebrais) ou funcional (psicológica ou comportamental). São exemplos de psicose: a esquizofrenia, o transtorno bipolar de humor e a paranoia.

2.8. Tem cura?

Apesar da esquizofrenia não ter cura o tratamento é essencial para diminuir seus sintomas e facilitar a convivência do indivíduo com os outros ao seu redor. Entretanto a doença pode apresentar no decorrer do tratamento algumas crises resultando no internamento temporário do paciente.

2.9. Quanto ao tratamento

O tratamento para esquizofrenia consiste na ingestão de antipsicóticos, psicoterapia e terapia ocupacional.
A ingestão dos medicamentos é importante, pois através deles consegue-se eliminar os sintomas produtivos da esquizofrenia, que são os mais graves. A base para o tratamento da esquizofrenia é o uso de medicamentos antipsicóticos. Estes medicamentos atuam regulando o equilíbrio de neurotransmissores afetados pela doença.
São medicamentos bastante efetivos para o tratamento e prevenção de episódios psicóticos, no entanto ainda apresentam pouca eficiência na evolução do distanciamento social.
Diversas abordagens podem ser associadas ao tratamento da esquizofrenia, mas não são substitutas ao tratamento farmacológico. Entre elas podemos incluir: terapias de socialização, psicoterapia de apoio, terapia ocupacional, dentre outras.
A terapia ocupacional e a psicoterapia ajudam o esquizofrênico a cuidar de si próprio e a manter um relacionamento saudável com os outros através da compreensão da doença.
      


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto no decorrer do trabalho foi possível concluir que o transtorno esquizofrênico é uma patologia que afeta a mente humana ocasionando um descontrole mental em seu portador, no qual durante os surtos de esquizofrenia acredita em uma realidade inexistente.
Segundo a análise apresentada, vimos que a patologia tem existência remota na historia da humanidade e que atualmente a doença atinge 1% da população mundial, entretanto a mesma em períodos mais distantes era equivocadamente diagnosticada como uma espécie de loucura.
Interessante saber, que a patologia pode tanto desenvolver-se em alguns casos morosamente, quanto em outros de forma rápida, mesmo assim, não há uma regra fixa quanto a esse desenvolvimento, motivo este que dificulta que a doença seja notada pelos familiares e amigos. Além do mais, a esquizofrenia tem relação genética e muitas vezes as circunstâncias ambientais podem exercer certa influência à doença.
Quanto aos sintomas podemos dividi-los em: produtivos e negativos, sendo os produtivos os delírios e alucinações, sintomas estes mais comuns e notáveis, e os negativos, que são os sintomas silenciosos, como a inquietude do portador, por exemplo. Em geral, o esquizofrênico durante os seus surtos ouvi vozes, acredita que as outras pessoas podem estar armando algo contra ele, que querem lhe matar e assim por diante. Vale lembrar, que não há um diagnostico preciso quanto à doença, o diagnostico é feito através dos sintomas que o paciente vem apresentando.
De modo geral, o esquizofrênico revela certa dificuldade em relação ao convívio social, entretanto não podemos considerar esse fato como um perigo para a sociedade. A questão da periculosidade que o esquizofrênico pode revelar é muito complexa, pode ser que em determinados casos haja o perigo e em outros não. De todo modo, importante citar a questão da esquizofrenia no âmbito penal, nosso ordenamento jurídico considera o esquizofrênico um “doente mental”, portanto ele passa a ser inimputável pelos seus atos criminosos, porém quando praticar um ato penalizável será sempre enquadrado na medida de segurança para avaliação de sua periculosidade. Cabendo assim, o questionamento referente ao momento do fato, sendo necessário analisar se no momento do fato o individuo encontrava-se inteiramente incapaz de compreender a ilicitude do fato (art. 26 do CP).
Desse modo, a partir da formação de entendimentos adquiridos com a realização do trabalho, ultimamos que a esquizofrenia é uma doença da mente que pode gerar consequências graves ao seu portador caso não tratada devidamente. Sendo ainda, uma patologia incurável da qual necessita de controle realizado através de medicações e terapias para que assim, possa-se oferecer ao paciente uma melhor qualidade de vida, para que este consiga socializar-se novamente, logicamente que é indispensável o apoio dos familiares e dos mais próximos estimulando a superação do mesmo, já que este pode realizar atividades profissionais, manter relacionamentos, estudar, tendo portanto, uma vida normal.


4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

In: < www.clinicapsique.com/doc/esquizofrenia.doc>. Acesso em 10/05/2013.
Pereira, Manuel Gonçalves. Repercussões da Doença Mental na Família. 1996.
A, Delmina. A esquizofrenia. 2000.
FREITAS, Luís. Destigmatizando a Doença Mental. 2002. 



SEGUE VÍDEO COMPLEMENTAR SOBRE TRANSTORNO ESQUIZOFRÊNICO: