FACULDADE
MARECHAL RONDON
CAROL FOGLIENI
EDWIN CAPELLOTTO
KAREN VIANA
LUIZ AUGUSTO
MURIELE PRIMO
TRANSTORNO
ESQUIZOFRÊNICO
SÃO MANUEL/SP
2013
CAROL FOGLIENI
EDWIN CAPELLOTTO
KAREN VIANA
LUIZ AUGUSTO
MURIELE PRIMO
TRANSTORNO
ESQUIZOFRÊNICO
|
SÃO MANUEL/SP
2013
SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Conceito
2.2. A esquizofrenia no contexto
histórico da humanidade
2.3. Como ocorre o desenvolvimento da
patologia
2.3.1. Causas genéticas que
influenciam na esquizofrenia
2.4. Sintomas
2.4.1. Como é diagnosticada essa
patologia?
2.5.
A esquizofrenia e o consumo de drogas
2.6. Quanto ao nível de periculosidade
2.6.1. Que consequências traz a
esquizofrenia para a vida do portador?
2.6.2. O esquizofrênico revela alguma
periculosidade à sociedade?
2.7. A esquizofrenia no âmbito penal
2.8. Tem cura?
2.9. Quanto ao tratamento
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
O presente
trabalho busca apresentar os principais aspectos que envolvem a temática da
esquizofrenia.
O estudo
desenvolve-se em cima de várias questões importantes referentes à
esquizofrenia, sendo que inicialmente procura expor uma breve conceituação do
transtorno esquizofrênico, levando em consideração, de forma sucinta, o
contexto histórico por trás da temática, além de apresentar o modo em que
ocorre a evolução da patologia no individuo, os seus principais sintomas e a
contribuição genética, considerando também a diagnosticação da doença.
A seguir
passa-se a discutir de forma mais aprofundada toda a problemática que envolve a
doença quando há consumo de drogas pelo paciente, juntamente abordamos a
questão da periculosidade que a patologia pode gerar, tanto para o seu
portador, quanto para os que o rodeiam, entretanto, o ponto auge do estudo
apresenta a questão da esquizofrenia no âmbito penal, questão esta, muito
importante, já que de certo modo adianta aos leitores a visão apresentada pelo
ordenamento jurídico referente ao modo que é tratado o portador de
esquizofrenia que infringe a norma jurídica.
Por fim, o
estudo tem a pretensão de abordar as discussões referentes à questão da cura da
doença, se é possível chegar a uma total recuperação dessa patologia ou se há
apenas um controle, finalizando desse modo com o tratamento que deve ser
aplicado quando diagnosticado o transtorno esquizofrênico.
2.
DESENVOLVIMENTO
2.1.
Conceito
A esquizofrenia é considerada pela psicopatologia como um tipo de sofrimento psíquico grave,
caracterizado principalmente pela alteração no contato com a realidade, a
doença é um transtorno psíquico.
Segundo a CID-10 a esquizofrenia
compõe o grupo das psicoses.
É hoje encarada não como doença, no
sentido clássico do termo, mas sim como um transtorno mental, podendo atingir
pessoas de quaisquer idade, gênero, raça, classes sociais e país. Segundo
estudos da OMS atinge
cerca de 1% da população mundial.
2.2.
A esquizofrenia no contexto histórico da humanidade
A
esquizofrenia se encontra junto com a história da psiquiatria. O termo
“esquizofrenia”, foi criado por Bleuler, substitui o termo “demência precoce”.
Bleuler conceituou o termo para indicar a presença de um prisma entre
pensamento, emoção e comportamento nos pacientes afetados. Morel usou o termo demência
precoce para uma doença mental com deterioração mental, com início precoce na adolescência.
Sullivan, fundador da escola psicanalítica interpessoal relata o isolamento
social como sintoma.
A
Esquizofrenia é uma doença da personalidade total que afeta a zona central do
eu e altera toda estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa
o estereotipo do "louco", um indivíduo que produz grande estranheza social
devido ao seu desprezo para com a realidade reconhecida.
Caracterizada
por uma dissociação das funções psíquicas e pela perda de contato com o mundo
exterior ela afeta não só a pessoa, mas também toda a sua família e todas as
pessoas à sua volta. Um dos seus primeiros sintomas é a diminuição da afetividade,
quando não a sua total supressão ou ausência, existindo um desligamento do
mundo por parte do doente, que se volta sobre si mesmo. As funções intelectuais
são igualmente perturbadas o que acarreta rapidamente a alienação de tudo o que
se passa à sua volta.
A
esquizofrenia pode desenvolver-se gradualmente, tão lentamente que nem o
paciente nem as pessoas próximas percebem que algo vai errado: só quando
comportamentos abertamente desviantes se manifestam. O período entre a
normalidade e a doença deflagrada pode levar meses.
Por outro lado
há pacientes que desenvolvem esquizofrenia rapidamente, em questão de poucas
semanas ou mesmo de dias. A pessoa muda seu comportamento e entra no mundo
esquizofrênico, o que geralmente alarma e assusta muito os parentes.
Não há uma
regra fixa quanto ao modo de início: tanto pode começar repentinamente e
eclodir numa crise exuberante, como começar lentamente sem apresentar mudanças
extraordinárias, e somente depois de anos surgir uma crise característica.
Geralmente a
esquizofrenia começa durante a adolescência ou quando adulto jovem. Os sintomas
aparecem gradualmente ao longo de meses e a família e os amigos que mantêm
contato frequente podem não notar nada. É mais comum que uma pessoa com contato
espaçado por meses perceba melhor a esquizofrenia desenvolvendo-se.
2.3.1.
Causas genéticas que influenciam na esquizofrenia
Em relação à
genética, o risco de adquirir a esquizofrenia aumenta 13%, se um parente de
primeiro grau for portador da doença. Quanto maior o grau de parentesco maior o
risco, chegando ao máximo em gêmeos monozigóticos. Se um deles tem
esquizofrenia a possibilidade do outro desenvolver o quadro é de 50%.
Entretanto,
não são levadas em conta apenas questões genéticas, existe uma contribuição
ambiental, pesquisas indicam que há uma ocorrência maior de esquizofrênicos
nascidos nos meses mais frios, sendo assim, a esquizofrenia envolve a interação
de fatores gerais que podem ser considerados desde o nascimento. Por fim, essa
gama de fatores vale ressaltar que existem circunstâncias que causam e impedem
o desencadeamento da doença.
2.4.
Sintomas
Em geral, há
dois tipos de sintomas: os produtivos
e os negativos. Os sintomas
produtivos são, basicamente, os delírios e as alucinações. O delírio se
caracteriza por uma visão distorcida da realidade. O mais comum na
esquizofrenia é o delírio persecutório. O individuo acredita que está sendo
perseguido e observado por pessoas que tramam alguma coisa contra ele. As
alucinações caracterizam-se por uma percepção que ocorre independentemente de
estimulo externo. Os sintomas produtivos respondem mais rápido ao tratamento.
Já os sintomas negativos são mais resistentes ao tratamento, caracterizam-se
pela diminuição dos impulsos e da vontade e achatamento afetivo. Há a perda da
capacidade de entrar em ressonância com o ambiente, de sentir alegria ou
tristeza condizente com a situação externa.
Na realidade,
a esquizofrenia começa com os sintomas negativos, entretanto são os delírios e
alucinações que chamam mais a atenção, sintomas dos quais são notados
posteriormente, os sintomas negativos correspondem mais ao íntimo da pessoa,
aquele olhar distante, como se estivesse em outro mundo, não se preocupa mais
com o que está acontecendo ao redor, se descuida da alimentação e higiene
pessoal, a tensão e a ansiedade são presentes, essa fase inicial da doença é
chamada de tremapsicótico.
Outra
característica importante da esquizofrenia é que o doente se considera vitima
das circunstâncias externas, têm mania de perseguição e acredita que os outros
estão armando algo contra ele. E em um estágio mais avançado ocorre perda de
memória e concentração.
Os indivíduos
portadores de esquizofrenia podem sentir bichos andando pelos seus corpos, ouvir
vozes, imaginar e falar em coisas aparentemente sem nexo, sugerir conspirações,
acreditar que são personalidades marcantes e históricas da sociedade.
Segundo Holmes
(1998), os sintomas podem ser:
A.
Cognitivos;
B.
Sintomas
de humor;
C.
Sintomas
somáticos;
D.
Sintomas
motores.
A. Os
sintomas cognitivos incluem:
·
As
alucinações
·
Os
delírios
·
Os
processos de pensamentos perturbados
·
As
inundações cognitivas
As alucinações
São
experiências nas quais as pessoas podem ouvir, sentir, cheirar ou ver coisas
sem nenhum fundamento baseado na percepção da realidade. As alucinações mais
comuns são as auditivas. Geralmente os portadores de esquizofrenia imaginam
ouvir vozes que os perseguem, criticam os seus comportamentos, dão ordens e
eles agem como se realmente essas vozes fossem reais.
As alucinações
táteis e somáticas também são bastante comuns, nas quais as pessoas podem
sentir algo percorrendo o seu corpo, sensações de formigamento ou queimadura e
até mesmo sensações internas no corpo. Já as alucinações visuais olfativas são
também observadas, no qual os portadores de esquizofrenia imaginam ver ou
sentir cheiros que não estão presentes, porém são menos comuns. Para os portadores
de esquizofrenia esses sintomas têm um sentido muito próprio de realidade e
geralmente eles são incapazes de distinguir tais alucinações de percepções
reais, o sentido de realidade fica totalmente comprometido quando se refere a
tais alucinações.
Os delírios
Os delírios
são crenças bizarras que são mantidos pelo esquizofrênico a despeito de fortes
evidências que comprovam o contrário. Os delírios são considerados bizarros se
são claramente implausíveis e incompreensíveis. Quanto mais bizarro o delírio,
mais provável que o indivíduo esteja sofrendo de esquizofrenia. Os delírios
mais comuns são:
Delírios de perseguição: são os delírios nos quais o indivíduo
portador de esquizofrenia imagina estar sendo perseguido, vigiado, que os
outros estão espiando ou planejando algo para prejudicá-lo.
Delírios
de referência: são os delírios nos quais objetos, eventos ou outras pessoas
são vistos como apresentando algum sentido particular de resposta para eles.
Delírios de identidade: são os delírios nos quais os indivíduos
portadores de esquizofrenia acreditam ser outra pessoa.
A maior parte
dos indivíduos portadores da esquizofrenia desenvolve sistemas delirantes
bastante elaborados envolvendo diversos delírios inter-relacionados e as
alucinações que eles experimentam são frequentemente relacionados aos seus
delírios.
Os processos de
pensamentos perturbados
Os processos de pensamentos
perturbados dizem respeito à forma como os indivíduos com esquizofrenia pensam.
Esses processos se caracterizam por um afrouxamento das ligações associativas
entre os pensamentos, de maneira que esses indivíduos geralmente desviam-se
para pensamentos irrelevantes, eles incluem essas ideias em suas conversações
aparentemente sem nenhum nexo. Segundo os estudos de Holmes (1998: 238), “são
fugas de ideias ou saladas de palavras”. Quando há esses casos de perturbações
de pensamentos, os indivíduos portadores de esquizofrenia têm prejudicado seu
funcionamento intelectual, chamado de déficit esquizofrênico.
As inundações cognitivas
A inundação
cognitiva ou sobrecarga de estímulos se refere a uma ampliação excessiva da
atenção, isto é, as pessoas portadoras de esquizofrenia têm uma sobrecarga de
percepções, pensamentos e sentimentos.
B. Sintomas
do humor:
Em suma,
pode-se dizer que os portadores de esquizofrenia apresentam reações emocionais
diversas do que se espera. Muitas vezes, o doente reage de forma inapropriada,
dando resposta contraria ao que se espera em determinada situação.
C. Sintomas
somáticos:
O sintoma
somático mais evidente é o relacionado à estimulação fisiológica geral como: frequência
cardíaca, pressão sanguínea, sudorese. É preciso tomar cuidado para não
confundir sintomas cognitivos com sintomas somáticos agudos, algumas drogas
utilizadas para os quadros de esquizofrenia também causam sintomas somáticos,
sendo assim, não se deve confundir efeitos do tratamento com os sintomas do
transtorno.
D. Sintomas
motores:
É
característico de algumas pessoas com esquizofrenia permanecerem imóveis
durante longos períodos de tempo, enquanto outras são mais agitadas. Dentro dos
sintomas motores, podem ocorrer contrações nas faces e movimentos repetidos de
dedos e mãos. Esses movimentos podem ser aleatórios ou propositais, mas também
podem estar relacionados aos delírios do paciente. Também é necessário saber se
os efeitos das medicações ingeridas pelo esquizofrênico afetam as partes do
cérebro responsáveis pelo comportamento motor ocasionando tremores, contorções
musculares e andar rígido, decorrentes do tratamento e não do transtorno em si.
Por fim, vale
ressaltar que o quadro clínico da esquizofrenia abrange uma gama ampla e
variada de sintomas. Portanto, é imprescindível reconhecer que diferentes
indivíduos diagnosticados com esquizofrenia podem apresentar conjuntos de
sintomas muito diferentes.
Não há um exame que diagnostique precisamente a esquizofrenia, isto depende
exclusivamente dos conhecimentos e da experiência do médico, portanto é comum
ver conflitos de diagnóstico. O
diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas que o paciente apresenta e a
história como esses sintomas foram surgindo e se desenvolvendo. Existem
critérios estabelecidos para que o médico tenha um ponto de partida, uma base
onde se sustentar.
2.5.
A esquizofrenia e o consumo de drogas
É muito comum
que a família e os mais próximos no início da doença confundam as primeiras
mudanças de comportamento do indivíduo com algum consumo de drogas. Quando
começam as alucinações aumentam as suspeitas de que realmente possa ser devido
ao uso de drogas tal comportamento.
Na verdade, o
uso de drogas não é raro na esquizofrenia, não como causa, mas sim como
consequência. Algumas drogas exercem efeito sedativo, tranquilizante,
ocasionando na fase de ansiedade e tensão certa melhora no humor do paciente
que a consome.
Entre as
drogas, notasse um consumo maior de álcool e maconha, porém as mais fortes o
consumo costuma ser raro.
Dentre as
drogas, a anfetamina, quando tomada em excesso provoca psicoses clinicamente
idênticas as da esquizofrenia, sendo até complicado diferenciá-las. A cocaína
também pode ocasionar quadros psicóticos semelhantes ao da esquizofrenia, porém
com menos intensidade que a anfetamina.
2.6.
Quanto ao nível de periculosidade
Os sintomas
produtivos revelam certa periculosidade apresentada pelo esquizofrênico. É
comum que o portador desse tipo de transtorno psíquico tenha delírios e
alucinações, no qual ouça vozes e tenha certas visões equivocadas do que ocorre
ao seu redor, vivenciando no período de surtos um mundo paralelo que não condiz
com a realidade, pois é fruto de sua mente doente. Sendo assim, é natural que o
esquizofrênico revele certo nível de periculosidade, tanto para si, como para a
sociedade, já que tais delírios podem levá-lo a dar cabo da própria vida e até
mesmo a cometer infrações penais contra qualquer individuo devido ao transtorno.
2.6.1.
Que
consequências traz a esquizofrenia para a vida do portador?
A doença é marcada especialmente pela
dificuldade que o indivíduo apresenta para criar e manter laços sociais.
Consequentemente, se não tratado devidamente, o portador passa a ter problemas
na escola, no trabalho e até dentro da própria casa, podendo abandonar a
família ou ser abandonado por ela. Porém, dependendo do distúrbio e
da fase em que se encontra, o sujeito pode levar uma vida “normal”, exercendo
uma profissão, relacionando com outras pessoas, estudando, desde que tenha
acesso ao devido tratamento para o controle da doença e receba o devido apoio
dos familiares, que são fundamentais para a recuperação do individuo portador
de esquizofrenia.
2.6.2.
O esquizofrênico revela alguma periculosidade à sociedade?
Estes
indivíduos não representam necessariamente um perigo para aqueles que
o circundam, a maioria dos
esquizofrênicos não apresenta comportamento violento ou perigoso, menos de 20%
apresentam este tipo de comportamento.
Quando em
crise, o paciente pode apresentar comportamentos agressivos, tanto fisicamente
quanto verbalmente, pois se sentem ameaçados por seus delírios ou alucinações,
o que ocorre é que o portador de esquizofrenia sente-se ameaçado e acredita ser
real tal ameaça, é necessário que os familiares e próximos do doente tentem
acalmá-lo em momentos de surto, no qual ele possa apresentar alguma ameaça aos
outros.
Em casos
extremos de agressividade é necessário que o paciente seja contido ou levado
para um serviço de saúde para garantir a integridade dos familiares e do
próprio paciente.
Para
finalizar, podemos citar um caso de esquizofrenia, em que o doente apresentou
agressividade. O caso teve grande repercussão na mídia, Fernando Gouveia, de 32
anos, atirou contra um oficial de justiça, um enfermeiro e uma psicóloga quando
recebia ordem judicial.
2.7.
A esquizofrenia no âmbito penal
Inimputáveis
Art. 26 do CP: É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Redução
de pena
Parágrafo único: A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Da verificação da
inimputabilidade
No
ordenamento jurídico, a inimputabilidade não pode ser presumida. Tem de ser
provada por meio de perícia e em condições de absoluta certeza. São três os
sistemas de aferição da inimputabilidade: biológico, psicológico e misto ou
biopsicológico.
O
art. 26 do CP adotou o sistema híbrido denominado de biopsicológico, que combina
os dois critérios. Primeiramente, deve-se verificar se o agente, ao tempo da
ação/omissão, era portador de doença ou desenvolvimento mental retardado ou
incompleto. Caso negativo, não será inimputável. Se, positivo, verifica-se se
era capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com essa consciência.
Somente
depois de averiguadas e constatadas ao menos uma dessas duas hipóteses, é que
será atribuída a inimputabilidade ao indivíduo. A inimputabilidade, portanto,
deve existir na ocasião do delito, pois a superveniência de enfermidade mental
depois do cometimento do crime, não exclui a culpabilidade.
No
que concerne às causas excludentes de culpabilidade, estão divididas em dois
grupos no Código Penal: relativas à pessoa do agente e ao fato criminoso.
Quanto ao agente, podem ser por: doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado (art. 26 do CP, caput), por embriaguez decorrente de vício e, ainda, por
menoridade (art. 27 do CP).
O
art. 26 do CP isenta de pena o indivíduo que pratica ato típico e ilícito
quando, no momento da ação/omissão delitiva, era portador de doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto (menoridade ou retardado), e era
completamente incapaz de compreender a ilicitude de sua conduta ou de
determinar-se de acordo com ela.
Ou
seja, para ser inimputável, não basta a pré-existência de doença ou capacidade
mental incompleta ou retardada. Exige-se, também, que, ao tempo da ação ou
omissão, o agente, em razão da enfermidade, não tenha sido capaz de compreender
o fato criminoso, ou, caso o fosse, não conseguiu controlar o impulso delitivo.
Nessa
lógica, a inimputabilidade, para ser reconhecida, exige a presença dos
requisitos causal (doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado), cronológico (ao tempo da ação ou da omissão) e consequencial
(inteira incapacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com ele).
Excetua-se
dessa regra o indivíduo que, voluntariamente, coloca-se em estado de
inimputabilidade, com vistas a cometer o delito. Nestes casos, deve vigorar o
princípio da Actio Libera in Causa, segundo o
qual se presume o ato delitivo no momento da tomada da decisão pelo agente. É o
caso do salva-vidas que, objetivando omitir-se do dever legal de agir, ingere
substâncias entorpecentes de maneira voluntária e se mantém inerte diante do
afogamento de uma criança.
A
incapacidade de entendimento da ilicitude do fato ou de autodeterminação diante
da conduta criminosa, portanto, constituem requisitos da inimputabilidade. O
parágrafo único do art. 26, por sua vez, admitiu a hipótese da imputabilidade
parcial ou semi-imputabilidade, quando o indivíduo possui meia consciência da
ilicitude ou da liberdade de agir. São os casos fronteiriços, em que o agente
tem sua capacidade diminuída.
Nesta
hipótese, a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o mesmo, em virtude
de perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se nesse entendimento.
O
citado dispositivo, ao tratar da semi-imputabilidade, emprega a expressão "perturbação
de saúde mental", no lugar de doença mental, o que constitui um minus, isto é, uma mera turbação na
capacidade intelectiva e volitiva, onde há perda parcial da capacidade de
entender e de querer.
Verificada
a semi-imputabilidade, o juiz terá duas opções: reduzir a pena de 1/3 a 2/3, ou
impor medida de segurança, o que não exclui a imputabilidade do agente, pois,
nesse último caso, a sentença continuará sendo condenatória, o que não acontece
com os inimputáveis, cuja medida aplicável é a absolvição imprópria. A escolha
por medida de segurança dependerá do entendimento do juiz acerca do laudo
pericial, quando assim recomendar.
Da
inimputabilidade por doença mental
Conforme
visto, o Código Penal vigente, ao tratar da inimputabilidade por anormalidade
mental, adotou o sistema misto ou biopsicológico, segundo o qual não basta a
existência da doença para isentar o agente da pena.
Exige-se,
primeiramente, a existência do elemento biológico, de natureza patológica, que
é a enfermidade mental. O segundo elemento é o cronológico/temporal, ou seja, o
autor, no momento do crime, em razão da doença da qual é portador, precisa
apresentar um estado de anormalidade psíquica que o torne incapaz de entender o
sentido ético-jurídico de sua conduta ou, caso tenha esse entendimento, ter a
doença e seu estado de perturbação psíquica eliminado a sua capacidade
volitiva. Em suma, é necessário que a anormalidade cause o vício de
entendimento e de vontade.
Em
Medicina, o estudo das doenças mentais chama-se Patologia Mental ou
Psiquiatria. Toda doença tem causa infecciosa, tóxica, orgânica, psíquica e
outras.
Entre
as causas biopsicossociais que podem levar à irresponsabilidade penal, está a
doença mental. O estudo dos transtornos mentais se faz necessário uma vez que,
na prática, verifica-se que os operadores do Direito enfrentam dificuldades ao
tratar do assunto, posto que, em sua maioria, são leigos e fazem confusão entre
os conceitos de doença mental (de origem biopsicossocial), as anomalias
advindas de retardo mental (origem biológica) e os desvios de personalidade (de
origem psicossocial), o que acaba por prejudicar o réu e a correta aplicação da
lei ao caso concreto.
Nesse
sentido, nem todo criminoso sexual, por exemplo, será portador de doença
mental, mas sim, de transtorno de personalidade, que nem sempre é sinônimo de
loucura.
No
entendimento de Nucci (2007), o conceito de doença mental deve ser analisado em
sentido lato, abrangendo tanto as doenças de origem patológica, como as de
origem toxicológica.
De
acordo com a Psiquiatria, são consideradas doenças mentais as chamadas
psicoses. O psicótico costuma apresentar perda de contato com a realidade e
sintomas produtivos, tais como delírios e alucinações. A grave alteração da
consciência é capaz de provocar no indivíduo o efeito de estar sempre convicto
da verdade, o que o impede de ver a realidade dos fatos.
A
psicose pode ter origem orgânica (disfunções cerebrais) ou funcional
(psicológica ou comportamental). São exemplos de psicose: a esquizofrenia, o
transtorno bipolar de humor e a paranoia.
2.8.
Tem cura?
Apesar da esquizofrenia não ter cura o
tratamento é essencial para diminuir seus sintomas e facilitar a convivência do
indivíduo com os outros ao seu redor. Entretanto a doença pode apresentar no
decorrer do tratamento algumas crises resultando no internamento temporário do
paciente.
2.9.
Quanto ao tratamento
O tratamento para esquizofrenia
consiste na ingestão de antipsicóticos, psicoterapia e terapia ocupacional.
A ingestão dos medicamentos é
importante, pois através deles consegue-se eliminar os sintomas produtivos da
esquizofrenia, que são os mais graves. A base para o tratamento da
esquizofrenia é o uso de medicamentos antipsicóticos. Estes medicamentos atuam
regulando o equilíbrio de neurotransmissores afetados pela doença.
São medicamentos bastante efetivos
para o tratamento e prevenção de episódios psicóticos, no entanto ainda
apresentam pouca eficiência na evolução do distanciamento social.
Diversas abordagens podem ser
associadas ao tratamento da esquizofrenia, mas não são substitutas ao
tratamento farmacológico. Entre elas podemos incluir: terapias de socialização,
psicoterapia de apoio, terapia ocupacional, dentre outras.
A terapia ocupacional e a psicoterapia
ajudam o esquizofrênico a cuidar de si próprio e a manter um relacionamento
saudável com os outros através da compreensão da doença.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do
exposto no decorrer do trabalho foi possível concluir que o transtorno
esquizofrênico é uma patologia que afeta a mente humana ocasionando um
descontrole mental em seu portador, no qual durante os surtos de esquizofrenia
acredita em uma realidade inexistente.
Segundo a
análise apresentada, vimos que a patologia tem existência remota na historia da
humanidade e que atualmente a doença atinge 1% da população mundial, entretanto
a mesma em períodos mais distantes era equivocadamente diagnosticada como uma
espécie de loucura.
Interessante
saber, que a patologia pode tanto desenvolver-se em alguns casos morosamente,
quanto em outros de forma rápida, mesmo assim, não há uma regra fixa quanto a
esse desenvolvimento, motivo este que dificulta que a doença seja notada pelos
familiares e amigos. Além do mais, a esquizofrenia tem relação genética e
muitas vezes as circunstâncias ambientais podem exercer certa influência à
doença.
Quanto aos
sintomas podemos dividi-los em: produtivos e negativos, sendo os produtivos os
delírios e alucinações, sintomas estes mais comuns e notáveis, e os negativos,
que são os sintomas silenciosos, como a inquietude do portador, por exemplo. Em
geral, o esquizofrênico durante os seus surtos ouvi vozes, acredita que as
outras pessoas podem estar armando algo contra ele, que querem lhe matar e
assim por diante. Vale lembrar, que não há um diagnostico preciso quanto à
doença, o diagnostico é feito através dos sintomas que o paciente vem
apresentando.
De modo geral,
o esquizofrênico revela certa dificuldade em relação ao convívio social,
entretanto não podemos considerar esse fato como um perigo para a sociedade. A
questão da periculosidade que o esquizofrênico pode revelar é muito complexa,
pode ser que em determinados casos haja o perigo e em outros não. De todo modo,
importante citar a questão da esquizofrenia no âmbito penal, nosso ordenamento
jurídico considera o esquizofrênico um “doente mental”, portanto ele passa a
ser inimputável pelos seus atos criminosos, porém quando praticar um ato
penalizável será sempre enquadrado na medida de segurança para avaliação de sua
periculosidade. Cabendo assim, o questionamento referente ao momento do fato,
sendo necessário analisar se no momento do fato o individuo encontrava-se
inteiramente incapaz de compreender a ilicitude do fato (art. 26 do CP).
Desse modo, a
partir da formação de entendimentos adquiridos com a realização do trabalho,
ultimamos que a esquizofrenia é uma doença da mente que pode gerar
consequências graves ao seu portador caso não tratada devidamente. Sendo ainda,
uma patologia incurável da qual necessita de controle realizado através de
medicações e terapias para que assim, possa-se oferecer ao paciente uma melhor
qualidade de vida, para que este consiga socializar-se novamente, logicamente
que é indispensável o apoio dos familiares e dos mais próximos estimulando a superação
do mesmo, já que este pode realizar atividades profissionais, manter
relacionamentos, estudar, tendo portanto, uma vida normal.
4.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
In: < http://www.psicosite.com.br/tra/psi/esquizofrenia.htm>.
Acesso em 11/05/2013.
In:
<http://sociedadeesquizofrenica.blogspot.com.br/2009/06/representa-um-riscoperigo-para.html>.
Acesso em 11/05/2013.
In:
<http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/atirador-do-centro-diz-que-agiu-em-legitima-defesa-20121019.html>.
Acesso em 11/05/2013.
In:
<http://drauziovarella.com.br/letras/e/esquizofrenia/>.
Acesso em 10/05/2013.
In:
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Acesso em 10/05/2013.
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Acesso em 10/05/2013.
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In:
< http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=30507&indexSearch=ID>.
Acesso em 16/05/2013
Pereira, Manuel
Gonçalves. Repercussões da Doença Mental
na Família. 1996.
A, Delmina. A esquizofrenia.
2000.
FREITAS, Luís. Destigmatizando
a Doença Mental. 2002.
SEGUE VÍDEO COMPLEMENTAR SOBRE TRANSTORNO ESQUIZOFRÊNICO:
SEGUE VÍDEO COMPLEMENTAR SOBRE TRANSTORNO ESQUIZOFRÊNICO: